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É preciso construir a sua própria experiência de envelhecimento

  • Foto do escritor: Gustavo Asth
    Gustavo Asth
  • 13 de jul. de 2022
  • 3 min de leitura

Todos estamos envelhecendo. Como seres humanos, somos seres de escolhas e intervimos em nosso futuro. É preciso/possível (dentro de certos limites e naquela parte da vida sobre a qual temos influência) escolher como queremos envelhecer.


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"Quem quer mudar o mundo precisa primeiro mudar a si mesmo." Sócrates

O filme "Um senhor estagiário", aborda brilhantemente as diferenças intergeracionais e a ação intencional humana sobre o seu próprio processo de vida na terceira idade.

Mostra que não é preciso aceitar passivamente o movimento da vida, que por vezes nos empurra à margem dela. Nós eres humanos somos seres de ação inteligente, estratégica e reflexão. Somos seres de escolhas, passíveis de intervir sobre o nosso próprio curso de vida.

Claro que... pra isso é preciso ter energia direcionada e vontade. Desejo. Mas "o desejo tem idade?"



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Somos seres de necessidades. E em busca da satisfação destas, temos a possibilidade de agir sobre o mundo... e sobre nós mesmos. Aliás, as vezes o agirmos sobre nós mesmos é um desafio maior do que o de agirmos sobre o mundo, pois afinal, tudo começa com o desejo e a necessidade. Quem toma consciência dos seus desejos e suas necessidades, terá maiores probabilidades de agir sobre eles com criatividade, imaginação, e o uso de instrumentos físicos e psíquicos no processo de construção da sua realidade. Seres humanos são seres dinâmicos, seres em movimento e mudança. Enquanto há vida, é preciso fazer a gestão dela.


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O filme destaca que a experiência dos idosos pode ser sábia e dinamicamente bem aproveitada. Trata do sensível tema da aposentadoria, ou quem sabe melhor dizendo... da desaposentadoria intencional. Expõe brilhantemente a inteligência das trocas intergeracionais na construção da vida humana. Vida que não pode cessar enquanto há respiração para não morrer em vida.


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Cada dia é um dia novo, quando as pessoas estão atentas e ativas no processo de construção contínua da sua história de vida. Vida mediada pelas condições sócio-históricas que precisam ser enfrentadas no embate concreto do cotidiano. Porém, as relações que estabelecemos com os outros, com os fatos e com a cultura na qual estamos inseridos, é sempre uma possibilidade aberta para a realização de novos movimentos de vida.

O filme lembrou-me uma história real, a da psiquiatra Nise da Silveira, que conforme relato, volta a trabalhar após aposentada no Museu Imagens do Inconsciente, que ela própria ajudou a criar por ocasião de seu trabalho regular.


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Seres humanos são seres intencionais. Capazes de fazerem as coisas acontecerem. Capazes de agirem sobre a sua realidade transformando-a, e transformando a si.

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Somos seres de relação. Influenciamo-nos uns aos outros mutuamente neste processo. Deixamos marcas na vida - nas nossas e nas dos outros com os quais convivemos.

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Criamos história. A nossa, e ajudamos a criar outras histórias, participando das histórias dos outros. Não podemos nos eximir da tarefa de viver. Só podemos escolher como vamos viver a nossa vida (e lidar com as limitações impostas).


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William Ury, co-fundador da Harvard Negotiation Project, especialista em negociação, dá uma dica sobre como negociar consigo mesmo. Destaca que a auto-observação é a base para o domínio de si mesmo. E pergunta: "Quantos ouvem regularmente a si mesmos com empatia e compreensão - com a mesma solidariedade de um amigo de confiança?" Já cantava Roberto Carlos: "É preciso saber viver!"

Retoma Ury: "Três iniciativas podem ser úteis: primeiro, procure se distanciar de si mesmo e se ver a partir 'do camarote'. Segundo, ouça com empatia seus sentimentos mais recônditos, mais íntimos, para interpretar o que eles realmente lhe dizem. Terceiro, mergulhe ainda mais no seu interior e descubra quais suas necessidades mais fundamentais." Concordo com Ury que afirma ser preciso "obter sucesso na disputa mais importante de todas - o jogo da vida."



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Finalizo o diálogo estabelecido comigo mesma ao término deste filme, lembrando um poema de Lya Luft:

PERDER E GANHAR

(Lya Luft)


Com as perdas, só há um jeito:

perde-las

Com os ganhos,

o proveito é saborear cada um

como uma fruta da estação.


A vida, como um pensamento,

corre à frente dos relógios.

O ritmo das águas indica o roteiro

e me oferece um papel:

ABRIR O CORAÇÃO COMO UMA VELA

ao vento, ou pagar sempre a conta

já VENCIDA.


REFERÊNCIAS:

BRUNS, M.A.T.O desejo tem idade? In: _____. e DEL-MASSO, M.C.S. Envelhecimento Humano: diferentes perspectivas. Campinas, SP: Alínea, 2007.

LUFT, L. Para não dizer adeus. 3 ed. RJ: Record, 2005.

URY, W. Como chegar ao sim com você mesmo: o primeiro passo em qualquer negociação, conflito ou conversa difícil. SP: Sextante, 2015. Filme: Um senhor estagiário.

Imagens coletadas na internet.



 
 
 

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